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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A importância de um abraço


Sinto que estou a crescer, que finalmente começo a ser adulta, o que pode parecer estúpido, uma vez que já tenho 26 anos e há muito que o deveria ser. Mas, estranhamente, ou talvez não, a minha existência sempre foi pautada por demasiada fantasia, com muitos sonhos à mistura, e com uma ingenuidade perante o que realmente é a vida. Vivia com um pé na realidade e com o restante de mim noutro mundo longínquo e diferente, em que me estava ao alcance de um pensamento. Talvez não tenha tido as estruturas, os alicerces que me ajudassem a construir as minhas próprias estratégias para enfrentar as dificuldades, os obstáculos com que todos nós nos deparamos dia-a-dia, e o medo me fizesse paralisar e fugir para outro lugar em que tudo era perfeito e onde poderia continuar a ser criança eternamente. E apesar da maturidade aos poucos dar sinais de se querer instalar, ainda deambulo um pouco entre estes dois mundos, talvez porque ainda não esteja totalmente preparada para de facto assumir ser adulta. Não sei muito bem como devo agir, as expectativas são demasiado altas e a probabilidade de falhar assusta-me…
Por outro lado, quando somos crianças pouco esperam de nós, não nos exigem coisas que muitas vezes, não somos capazes de dar ou fazer, mas que ninguém se parece realmente importar com isso. Às vezes, estranho-me, pois sempre fui uma pessoa demasiado sensível, dada às manifestações de afecto, ainda que isso me tenha trazido muitos dissabores, pois confio demais nas pessoas e dou demasiado de mim, acabando por me desiludir e ser magoada. Contudo, desde há algum tempo que sinto uma necessidade de me proteger, de estar sempre na defesa, e isso fez com que me tornasse fria em relação a muitas coisas e pessoas. Será isto crescer??? Será que é isto o ser adulto? Será que para conseguirmos sobreviver nesta selva em que vivemos temos que aprender a construir um muro ao nosso redor? Dou por mim a nem sequer conseguir dar um abraço às pessoas que gosto, pois sinto algo que me bloqueia, que me assusta e paralisa. Sinto que fico numa posição em que revela fragilidade e não me sinto capaz de fazê-lo. Não gosto de ser assim. Não quero viver no mundo dos adultos. Quero voltar a ser criança… (Márcia, devo-te a ti esta crise existencial ;) espero um dia conseguir abraçar-te sem reservas)

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