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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Hoje não sei quem sou...





Hoje não
Hoje não sei quem sou
Hoje não
Hoje não estou
Nem sei quem és
Hoje apenas voo
E corro o céu
De lés a lés
Abro as asas da inexistência
Rasgo o som da mudez
Encarno a carência
Percorro um sem fim
De desertos
Por mil olhos
Escrutinados
Penetro ventres
Abertos
Escancarados
E faço deles
O meu ninho
Calores usurpados
Em troca de um
Carinho
No vazio do corpo
Em que há instantes
Vida deu
Num cântico absorto
Procuro o que é meu
O que de mim
Se perdeu
Ou fui eu que perdi
Entre os uivos
De lamentos
Renuncio ao que já vivi
Hoje não
Hoje não sei
Quem sou…

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

(Des)encontro...

Tinhas em ti tantos defeitos e soube de antemão
Que nossos sonhos perfeitos seriam o negro do carvão
Aind’assim segui caminho de uma forma alucinada
Mendigando o teu carinho e embatendo em cada escada

Eras espinho e cetim, chão, parede, pedra e cal
Eras senhor de mim, tempo de brisa e vendaval
Decifraste-me a calma e prometeste-me esplendor
Empenhei a minha alma em troca do teu amor

Era já noite fria quando p’lo vulto percebi alguém
Em gestos e palavras confusas, tentava alertar-me
Sem saber o que queria, penitenciei-a refém

Por já não saber quem era, do meu corpo prescindi
Dei a ela a minha voz, a posse do meu querer
Só mais tarde me vi no espelho e assim a reconheci

sábado, 22 de novembro de 2008

Apetece-me...

O meu primeiro vídeopoema






Apetece-me rir, gargalhar, chorar, sem triste ficar…apetece-me voar…
Voar para um sítio distante e mesmo assim perto…tanto faz que seja praia ou deserto…
Apetece-me o aconchego, sem medo…apetece-me criar, sem imitar…
Apetece-me a sedução, a absorção, sem absolvição…
Apetece-me apetecer…querer, mesmo sabendo que não posso ter…
Apetece-me ficar assim…a olhar…para dentro de mim…sem julgar…
Apetece-me escrever e dizer, falar até a alma se cansar e quase rebentar…
Apetece-me acender o escuro, aquecer o frio, perder-me no obscuro, enquanto me anestesio…
Apetece-me pintar…com cores que não existem…
Apetece-me rimar…desejos que subsistem…
Apetece-me silenciar…um silêncio gritante…desconcertante…
Apetece-me falar…procurar o sorriso constante…
Apetece-me abrir a porta…deixar entrar…inalar…o cheiro que me conforta…
Apetece-me ouvir…sentir…sons que me amansem a alma…e possuir a minha calma…
Apetece-me escrever cartas para ninguém, sabendo que no outro lado estará alguém…
Apetece-me ser criança… viver sem insegurança…
Apetece-me colorir o céu…vesti-lo com um véu…
Apetece-me chamar as estrelas para conversar…sem nada falar…
Apetece-me agir sem pensar…acordar sem dormir…
Apetece-me viver sem existir…
Apetece-me beber palavras em copos de cristal e saborear…ser anormalmente normal….
Apetece-me estar aqui e dizer… que sem poesia o mundo não seria igual…

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Amor...incómodos à parte...


Tenho um problema com o amor, um grave problema! Ouço dizer por aí, pelas bocas do mundo, pelas letras soltas que vejo e revejo em papéis perdidos em cada canto de vida que o amor é a coisa mais bela que existe…
Chega a cansar os meus ouvidos de tanto ouvir a palavra AMOR!!!
Enaltece-se de uma forma sublime…em filmes…em palavras…em livros…em poesia…na música…Vê-se e ouve-se amor em todo lado (para os ouvidos e corações atentos, claro está) que chego a sentir-me profundamente enjoada.
Não, ao contrário do que possam pensar, eu não sou uma pessoa insensível, pragmática, vazia, distraída…Eu escrevo poesia, sou a voz do amor para quem não pode ouvir… Eu ouço Beethoven, Chopin, fado…choro ao ver uma peça de ópera, comovo-me com filmes românticos, voo para longe enquanto leio cada linha que Nicholas Sparks escreve…e tenho em mim todos os sonhos do mundo…
O que me incomoda não é a existência do amor, ou até é, não sei…é tudo muito dúbio…
Incomoda-me a banalização, o dizer por dizer, o falar por falar…e o coração? Será que ainda alguém sabe o que é amor? Amor sem razão, daquele que nos atraca o coração e nos despe a alma? Daquele que nos sacode os bolsos da sensatez…daquele que nos amarra sem cordas, nos cala a voz…daquele que nos tira a respiração e nos faz acreditar que vamos morrer por não termos espaço em nós para estacionar este avião que estacionou no nosso coração…
Será que entre a pausa para o café, e os pagamentos do mês ainda se tem tempo para reflectir sobre o amor? Será que todas as bocas que expressam a palavra amo-te atribuem o verdadeiro valor a este sentimento tão sublime e majestoso?
Incomoda-me, claro que me incomoda ver almas vazias e desprovidas de sensibilidade, que faria revirar na sepultura grandes poetas que a historia não esquece, verbalizar, assim, como se fosse uma pancadinha nas costas a palavras amo-te…amar não é só falar, é praticar, é encher-se de vida e gritar ao mundo que no peito nada cabe mais…
Incomoda-me também que não existam teses sobre o amor, em que expliquem tudo o que há a ser explicado sobre ele, para que o possamos conhecer e reconhecer, para que saibamos quando encontramos o nosso amor, o verdadeiro, a outra metade de nós, que nos completa…podemos viver toda uma vida com a pessoa errada, sem sabermos onde está a certa, ou sabermos, mas nada podermos fazer, porque o tempo já é outro e construíram-se outras histórias, das quais não fizemos parte, por termos construídos outras, paralelamente…
O amor rege a nossa existência; determina quem somos; representa-se nas nossas convicções, princípios, crenças e atitudes e descreve a sua rota nas linhas do nosso rosto, no brilho do nosso olhar, abrigando-se no nosso sorriso…à espera da noite…ou do dia…
A dualidade do amor… isto também me incomoda, de verdade, esta sombra dúbia que me chicoteia por dentro, que me finta o discernimento e me espanca a razão…tanto nos pode elevar às estrelas, como nos faz cair e bater em cheio com a cara no chão…sussurra ou grita-nos, queima-nos ou gela-nos, dá-nos o sorriso ou a lágrima, protege-nos ou abandona-nos…e aquilo que é contrário do bom, não é bom e dói…
Quando temos amor por alguém a vida fica tão mais fácil, não temos medo de nada, somos capazes de atravessar o mundo se for preciso e sorrimos muito, muito mais …se o amor parte, uma parte de nós também vai com ele e tentamos dia após dia, encontrar razões que nos façam sorrir, procurando formas de conviver com a solidão, para que não doa tanto…o coração fica apertado e lentamente vamos encontrando o nosso caminho, descobrindo novos horizontes, navegando para outras margens…renascemos numa nova vida e colocamos mais uma pedra no castelo da nossa identidade e unicidade. Encontraremos outro amor, que nos devolverá o sorriso, de uma forma espontânea e tudo faremos para que os erros que sejam cometidos nesta nova história (sim, porque os erros fazem parte de nós) tentem ser compreendidos e ultrapassados, tentando edificar estruturas sólidas em termos relacionais…
Porventura, voltará a suceder-se o mesmo e o ciclo recomeça, ou poderá realmente dar certo naquela vez, mas por mais voltas que a vida dê, por mais labirintos que percorramos, haverá sempre uma porta aberta para o amor.
O amor transporta-nos em viagens alucinantes por caminhos desconhecidos no nosso interior…já procurei mil e uma maneiras de descrever este sentimento tão…tão…indecifrável e transparente ao mesmo tempo e nunca consegui passar para as letras a magnitude, a cor, o som, a temperatura, a textura, o odor, a mistura, a mescla de coisas unas e simples que nos invadem a alma e nos descabelam a lucidez que se apossa de nós quando experimentamos o amor…
Porém, encontrei uma “definição” que até hoje me pareceu a mais perfeita e a mais simples. É uma pequena parte de uma passagem da Bíblia, que integra «1Cor.13», e é assim:
“…O amor é paciente, o amor é prestável, Não é invejoso, não é arrogante, nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê. Tudo espera, tudo suporta…”
Digo que para mim esta é a definição mais perfeita do amor que já li, pela sua simplicidade e no entanto faz-me questionar e pensar tantas coisas…ou o amor entrou em vias de extinção, e as únicas espécies sobreviventes que o encarnam vivam no outro lado do globo, ou então esta pequena passagem sobre o amor, que tanto gosto, não passa de uma utopia, um discurso naif…publicidade enganosa?
O certo é que, aparte as utopias, a publicidade enganosa e os incómodos de que me queixo, o amor é o pão-nosso de cada dia, é o nosso alento, a nossa motivação, muitas vezes o perdão…sem ele, o amor, a vida é a preto e branco, o mar é só uma enorme porção de água, os dias não têm propósito, a música é só mais um barulho que chega aos nossos ouvidos, somos gelo…somos parasitas...
Incomodam-me muitas coisas no amor, mas o que me incomoda de verdade, é não amar, muito mais do que não ser amada…ao não amarmos não reconhecemos nem valorizamos o sentimento do outro, não sentimos, não somos, não se é! Porque o amor é o milagre, é o sentido, é a matéria de que somos feitos, é como que um culto a seguir…
Porque o amor é querer ser muito mais do que ter! É a harmonia entre histórias, atitudes, pessoas, credos, cores, partidos, clubes…a vassoura da diferença e indiferença, é a medida certa…qb (quanto baste) …
Prefiro amar, e só amar, ainda que nunca amada, pois de contrário não serei abençoada…
Beberei eternamente pelo cálice do amor, mesmo que sede não tenha e darei a beber de quem da secura padeça…

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Penso o Pensamento...


Penso o pensamento, no pensamento…tantas vezes, de tantas maneiras. Na realidade, acho que durmo em pensamento e assim acordo…amo em pensamento e assim sofro…choro em pensamento e as lágrimas desaguam na minha pele encharcada…penso o que quero dizer e não digo…penso como devia dizer, como devia fazer…penso como devia pensar…penso, penso, penso e atravesso desertos dentro e fora de mim, roço a loucura e finjo a lucidez e perco-me para me encontrar em qualquer vão de escada que teimo em não subir…eu penso no porquê do porquê, como uma bruxa que antevê…
Penso, penso, penso…e logo existo? Sim…e não…penso porque existo, mas não existo porque penso…contrário é…o pensamento é arrebatamento, que me enche por dentro, um bocadinho de cada vez, mas que acaba por me tirar o ar…aquele que as palavras me trazem e o acabam por levar…

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Velas da Moral...



Dou às palavras o poder
De distinguir o bem do mal
Procurando acender
As velas da moral
Dou às palavras o som
De vozes silenciadas
Riscando…
Rasgando…
Calando…
Ideias pré-estruturadas
Autênticas emboscadas
Nas linhas…
Construo pontes…
Nas letras…
Vislumbro horizontes
Navego…
Nas ondas de minha mente
Desconstruo…
Um olhar descrente
Minh’alma grita
A mim, ao outro, ao mundo
Ainda que por um segundo…
Que a deficiência que seja mental
Em corpo de mortal
Por “igual” não nascer
Não deixa de ser normal
Humano continua a ser
Apenas vive noutro plano
Não mundano
Sem maldade
Sem preconceito
Sem vaidade
Com o seu próprio jeito
Único e especial
E luta…
Bravamente
Heroicamente
Munido de armas singulares
Num mundo desigual
Sem alardes…
Fala…
A língua do coração
Cala…
O som da desaprovação
Ensina…
Verdadeiras lições
Vive…
Sem instruções
Planta sementes …
De esperança…
Tolerância…
Num simples olhar
Terno…
Meigo…
Criança…
Que voa para longe
Do vazio da ignorância…

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Unicidade e diferença


Há coisas que definitivamente nos passam ao lado. Os dias vão passando, a vida sucede-se e de uma forma quase imperceptível, forças há que limam as nossas arestas de uma forma gradual e progressiva e nos fazem crescer…quem é que nos dias que correm tem tempo para olhar dentro de si próprio e perceber quando as mudanças ocorrem? Quem consegue situar o momento em que deixou de gatinhar para começar a andar, ou o momento em que deixou de ser criança para começar a ser mulher/homem? Quem se deu verdadeiramente conta quando deixou ter os brinquedos como companhia e começou a experimentar diferentes personagens na vida real até se ir lentamente descobrindo e começando uma construção que leva toda uma vida: a construção da nossa identidade?
Agimos de uma forma tão standard, na sua generalidade, que não prestamos atenção em pequenos detalhes que são tão importantes e que são o verdadeiro milagre da vida…a transformação, a adaptação, a construção…o emergir… é como vermos um pintainho sair de dentro do ovo…e dar os seus primeiros passos…
Dentro de cada um de nós está um poço de sensações e descobertas que são únicas e preciosas e quantos de nós se perdem na vida procurando por respostas e nem por um momento param para olhar para o seu interior, constatando que é lá que está a resposta…
É triste reconhecer que a grande maioria das pessoas acaba por falecer sem se conhecer verdadeiramente porque durante toda a sua vida acreditaram que eram iguais a todos os outros e nunca deixaram que a emoção, a sensibilidade fizessem parte dos seus dias, por achar que isso só atrapalharia, que demonstraria fragilidade…
A verdade é que cada um de nós é um ser único, semelhante, mas cheio de diferenças, que completam a nossa unicidade…a forma como pensamos, como vemos, como sentimos, como amamos…os significados que atribuímos a gestos, a momentos, as lembranças e recordações que guardamos dentro de nós e tantas outras coisas que são só nossas, porque não existe ninguém no mundo que as vivencie e sinta como nós…
Então, penso, afinal de contas qual é o nosso papel aqui? De que vale termos a enorme dádiva de vivermos para além da realidade, termos sonhos, ilusões, sensibilidade, 5 sentidos para absorver tudo ao nosso redor…se permanecem fechados, ignorando todas estas possibilidades?
Nascimento…ser protegido, acarinhado… aprender na escola…ser adolescente…descobrir que o coração pode bater mais forte…arranjar um trabalho…
Comprar uma casa…casar…ter filhos…viajar…ver os filhos crescer…ter netos…pertencer a uma comunidade...envelhecer…este é um modo simplista e talvez egoísta de analisar a vida, mas é assim que a maioria das pessoas passa pela vida, não vivendo, mas sobrevivendo.
É mais importante mostrar aos outros o que eles querem ver, do que nos tentarmos conhecer e afirmarmos a nossa identidade…e no fundo é tão mais fácil…
Mas se perdermos um pouco de tempo a tentar conhecermo-nos a nós mesmos iremos descobrir o que dá sentido à nossa vida e veremos o “outro” de maneira diferente, porque ao nos apercebermos do que vai dentro de nós ganhamos uma nova visão sobre aqueles que nos rodeiam. E assim a vida tem um outro sabor…pois olhar para dentro de nós próprios é conhecermos um mundo que só tem uma morada: a praceta do coração…

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Luto em mim


Ando por aí
Caminho por becos e travessas
Ás avessas
Tropeço…
Nas bainhas do meu ser
Apago-me …
Entre pensamentos
E esqueço-me de viver
O tempo corre
Ouço a vida lá fora
Levanto-me e fecho a janela
Fico em completa escuridão
Absorvida e aturdida
E digo não
Não à luz, às estrelas
Ao dia, a mim
Digo não a tudo
E cavo…
A minha sepultura em vida
Grão a grão
Pouco a pouco
Algures no alcatrão
Invoco o louco
A insanidade
Inicio um culto…
Demente e eloquente
Arranco os cabelos
Encho-me de luto
Rebento e desvaneço
Apodreço…
Enquanto longe de mim…
Dos escombros ressurjo
E num novo início…
Amanheço…

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Saudade...




Saudade é passado amado
É amor acabado
É coração abalado

Saudade é lembrança permanente
Interior dormente
É olhar descrente

Saudade é ver partir
Sem querer admitir
Sem poder corrigir

Ter saudade é ter vida
Dentro de nós
É mexer na ferida
É dor atroz


Ter saudade é estar vivo
É lembrar a felicidade
E em ritual alusivo
Invocar a eternidade

Saudade…
É ter passado
Passado amado…

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Vai em frente...


Toda a gente tem medo
Não te deixes levar
Ouve este segredo
Vai onde queres chegar
Renuncia os abismos
Quebra a corrente
Foge de ti
Pessoa incoerente
Encontra te no outro lado
Vai e luta pela voz
Não esqueças que a vida e um fado
E o teu coração uma noz
Não procures o que foi levado
Canta, dança, ri, avança…
Acredita na bonança
Vivifica a esperança
Agarra as rédeas
Segue em frente cavalgando
Com o teu eu palpitando
Encontra teu rumo
Não penses
Não teorizes
Não te arrependas
Mas vive cada segundo
Sem mais porquês nem emendas
Começa de novo
Tanto quanto for preciso
Erra, cai, aprende e apreende
E no instante decisivo
Verás que nada nos transcende
Que a vida não é um ovo
É verdadeiro improviso
Que baixinho nos diz
"Não nasceste pra viver
Mas pra viver e ser feliz…"

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Indecisão...


Pois é, cá estou eu completamente dividida, sem saber o que fazer. Mas nem é de admirar, já que indecisão é o meu nome do meio. As opções são 2:
Opção 1 – Partir durante 1 ano e 7 meses (5 meses em Inglaterra a fazer recolha de fundos, 6 meses na Noruega a receber formação, 6 meses na Índia a fazer voluntariado e 2 meses a elaborar um projecto). Resumidamente a maior experiência que poderei viver na minha vida.
Opção 2 – Ficar exactamente onde estou, e onde passo a maior parte dos meus dias, sentada em frente ao ecrã do meu computador à espera que apareça um disco voador e me leve.
Como é óbvio existem muitas coisas implícitas em cada decisão, que não vou estar a enumerar agora, por razões mais que óbvias…

Preciso de uma luz… (alguém tem fósforos?)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sou onde não existo


Procuro por mim
Remexo papéis, letras e tinta
Acordo na vida para ver onde ando
Olho pra dentro e procuro uma voz
Que me responda
Que me faça perceber
Como devo viver?
Só as letras me entendem
Quando os corações não o fazem
Só as letras me mostram o dia
Quando a noite teima em ficar
Só as letras me dão paz
Enquanto o mundo insiste em lutar
Só as letras me trazem a solidão
Aquela em que estando sozinha
Estou mais acompanhada que com os demais
Pois é nesta calma, doce e solitária solidão
Que me encontro, me descubro
E sou!!!


Só as letras me trazem o mais belo perfume
Só as letras fazem ecoar o mais belo cântico
Só as letras me transportam a alma
Até um lugar que é tudo e nada
É a luz de mãos dadas com o escuro
É a tristeza abraçada à felicidade…
É a coragem presa pelo desespero
É a dor impressa na alma gritando e calando a esperança
É a compreensão incompreendida
É o som que se abafa pelos uivos do silêncio desconcertante
É o auto encontro desencontrado
É a vida e a morte
E o intermédio
É o que somos, fomos e seremos
É o amor que nos atraca o coração
Que também quebra as cordas e nos leva para longe
É a loucura e a sensatez
O riso e a lágrima
O frio e o calor
Só as letras me fazem caminhar numa gruta escura
Acreditando que encontrarei a luz…
Permaneço assim
Ilusão que respira
Sendo onde não existo
E existindo onde não sou…

terça-feira, 7 de outubro de 2008


"É melhor atirar-se em luta, em busca de dias melhores, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que não lutaram, mas também não venceram. Que não conheceram a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se diante dele, por simplesmente, haverem passado pela vida."


Bob Marley

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Amado



Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém

Peço tanto a Deus
Para lhe esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus

Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer

Sinto absoluto o dom de existir,
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A vida do pesadelo



De quando em vez, em momentos inesperados, carregados de significados surgem no meu pensamento pequenos pedaços da vida, vistos de diferentes vertentes e ocasiões, que me fazem pensar…
Pensar, analisar, questionar o nosso papel como seres humanos, individual e colectivamente neste mundo que nos foi dado, e que posteriormente e numa constante e frenética actividade se modifica ao nosso bel-prazer e à existência das nossas pseudo necessidades.
É-se mil pessoas numa só e ao mesmo tempo não se é ninguém.
Somos os catalisadores das nossas destruições…somos fúteis, e buscamos o prazer momentâneo sem nos preocuparmos com as futuras consequências, que se traduzem na devastação completa de tudo o que temos desde que nos entendemos por gente.
Foi-nos dada a possibilidade de podermos ter o direito de escolher, de ter sempre dois caminhos por onde seguir, sem nada ser imposto nem obrigado, mas com a consciência advertida de que existe um mau e um bom caminho, e que nos cabe a nós construir a nossa consciência, estruturando-a de acordo com a capacidade de distinguir o certo do errado. Esta capacidade traduz-se pelos valores, os nossos valores e que nos comprometemos a viver de acordo com eles, por serem comuns a todos e para que seja possível uma existência pacífica e um usufruto repartido, consciente e justo sobre tudo o que nos é dado sem ser pedido nada em troca: os nossos bens mais preciosos e que são determinantes para a continuidade da nossa existência, os nossos pontos de orientação que nos permitem perceber que a nossa liberdade acaba quando começa a do próximo.
Afirmo com toda a intensidade, que somos abençoados com pequenos privilégios que se estendem pelos nossos 5 sentidos e nos deixam extasiados…sensações únicas, momentos inigualáveis, visões que mais parecem alucinações, ilusões, sons que nos penetram a alma, deixando marcas em nós e ainda a capacidade de podermos esboçar um sorriso de felicidade quando, sem sequer precisar de olhar, sentimos que alguém querido veio até nós (eu sorrio só de pensar).
Somos seres dotados de extrema sensibilidade e inteligência e temos uma exclusividade que nos torna diferente de qualquer ser vivo que exista no mundo…podemos sentir o amor, sentimento tão sublime, que ninguém, em parte alguma o consegue descrever com precisão e exactidão. Sublinho, somos abençoados, 1, 2, 3 vezes, mil vezes por acordarmos para um novo amanhecer, em que abrimos a janela e nos deixamos lavar pela vida …
Verdade, somos acima de tudo ridículos por ter tudo e passarmos a vida acreditar e a lamuriar que nada se tem, destruindo assim, gradualmente o que na nossa cegueira de querer sempre mais, não vemos, ou vemos e ignoramos, já que é essa a nossa natureza, desvalorizar coisas importantes…
Por vezes temos rasgos de sanidade e prometemo-nos a nós próprios que vamos modificar a nossa atitude perante a vida e os outros, mas depressa nos esquecemos, e promessas são levadas pelo vento…
Vivemos numa guerra constante, connosco e com os demais, pelas mais diversas razões, de uma forma continuada e impensada, porque agimos através de ímpetos, que não procuramos controlar, de impulsos que se assemelham aos dos animais, como se todo o mundo fosse uma selva.
Construímos muros em cima de histórias, colocamos pedras sobre o ar que respiramos, valorizamos o mau em detrimento do bom, por o vivificarmos e vivenciarmos constantemente sem dar espaço para a alegria entrar…nós sufocamos a alegria e o bom senso…
Representamos na maior longa-metragem alguma vez feita, numa constante troca de papéis, e nunca acabamos por perceber qual é realmente o nosso. Em vez de nos regermos pelos nossos supostos valores, estamos mais preocupados em agradar este ou aquele, pensando o que poderemos obter dali. Vivemos na era da hipocrisia. Estamos sempre prontos a apontar o dedo, a julgar, como se nós próprios fossemos o modelo inquestionável de perfeição. Representamos o chefe sisudo, de mal com a vida, porque já não ganha tanto como ganhava com o negócio; a colaboradora, que desconhece o simples significado de sorrir, e mostra claramente que está ali a fazer um frete; o médico que nos passa a receita sem sequer olhar para nós; a senhora reformada que passa as tardes no café, falando da vida de toda a gente, criticando e apontando o dedo; a proprietária do pronto-a-vestir, que nos diz que a roupa nos assenta como uma luva, quando nos vemos ao espelho e nos assemelhamos a algo parecido com um ET; o senhor que vende peixe no mercado, e que afirma estar fresquinho, quando o peixe já está completamente vermelho de tanto gelo que levou em cima para parecer “fresquinho”; o político que faz promessas que nunca se virão a cumprir; a professora que está mais preocupada em que os alunos façam tudo certinho e em silêncio, do que propriamente em ensinar, orientar e formar futuros cidadãos; o polícia que está mais preocupado em caçar multas do que velar pela segurança da comunidade; a eterna mãe preocupada e sofredora, que vive num constante receio no que diz respeito ao caminho que os seus filhos irão seguir e que faz disso uma obsessão; o pai que sai do trabalho, cansado e que em vez de ir para casa, segue para o café, onde bebe cerveja atrás de cerveja, até que lhe vão buscar ou até ao fecho do café e que quando vai para casa culpa a mulher por todos os seus infortúnios; o (a) filho (a) certinho (a) que segue à risca tudo o que lhe é incutido no seu seio familiar e que não constitui problemas em contraste com o (a) filho(a) despreocupado(a), que quer curtir e vida, sem perder tempo com coisas que não interessam, procurando sensações cada vez mais arrebatadoras, fortes e loucas, porque é nelas que conseguem agarrar, ainda que efemeramente estados de completa euforia que acreditam conter o segredo milagroso para uma vida plena, e principalmente sem tristeza; a menina gordinha, que na escola é ignorada e gozada pelos seus colegas, em contraste com a menina popular, com quem todos querem brincar; a eterna sonhadora que acredita que a vida é um sonho construído em cima de um castelo de areia; o casal, que cheio de dívidas mal consegue dormir e discute a toda a hora questionando-se sobre como a vida de ambos teve aquele rumo…
Os ricos…os pobres… os arrogantes…os educados…os maus…os bons…os egoístas…os altruístas…os sensíveis…os insensíveis…eu…tu…os outros…nós…
Somos uma mescla de matéria mexida e remexida, produto de nós mesmos e dos nossos ardis, onde a genuinidade se extinguiu…
Vivemos assentes numa liberdade ilusória, mascarada…vivemos mais presos que um detido por homicídio. Nós construímos as nossas próprias barras de ferro, fechamo-nos dentro de algemas e jogamos a chave fora.
E a simplicidade? E a alegria de estar vivo e sorrir sem ser preciso ter um motivo? E a partilha? E a vida, só por ser vida e vivida?
Só existe esta e enquanto não tivermos a plena consciência desse facto e que também passa muito depressa vamos cavando lentamente a nossa própria sepultura e acabamos por ser autores, em parte da nossa passagem para outro mundo que não este.
Sonho e anseio por um dia em que todos nós vamos acordar e perceber que não somos personagens de um pesadelo constante e irreversível, mas sim de uma vida que teimamos transformar nesse pesadelo que já pensamos viver…
Vamos então todos juntos acordar num grito de esperança??? Um dia…um dia, quem sabe…

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mariza - Chuva

Por tudo o que me deixa Saudade...



As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Retorno das Letras


Na ânsia absurda e desesperada de querer escrever, de querer soltar de mim o que só as palavras sabem dizer, bloqueio…
No silêncio das letras me escondo, me agacho, me prendo, sufoco e grito…
- Vem a mim tudo o que deixo escorrer entre os dedos, tudo o que permito que levem de mim…
Procuro numa busca incessante e angustiante em cada pedacinho do meu ser aquilo que os meus olhos não me deixam ver
Levo e relevo os dias, as horas, o tempo, o meio tempo, num contratempo
Dou o dito pelo não dito e desdito
Afinal quem sou eu?
Afinal onde pertenço? Não encontro consenso…
Perco-me entre sons perdidos, que não entendo…
O coração combalido coxeia e quase cai…
A incerteza e a indecisão prendo e apreendo…
Não sei para onde esta vida vai…
Afinal o pano cai…
Afinal sou quem sempre fui…
Afinal não me perdi de mim…
Afinal as palavras flúem como sempre…
Afinal encontro o caminho perdido entre os mares do vazio
Afinal sou voz…porta-voz
Afinal sou letra soletrada
Afinal encontro-me agachada nos medos conspurcados, adormecidos e banidos
Afinal sou vida vivida, encontrada, agarrada
Afinal sou simplesmente mais um pouco de tinta num oceano de letras…
Letras que falam
Que gritam
Que dizem
Que transformam
Que constroem
Que vociferam verdades cruas, absolutas e nunca diminutas…
Afinal basta chamar para me encontrar, pois se num mundo não estou noutro estarei
A porta fica aberta…sempre…para sempre…
…e assim…sonharei…

domingo, 15 de junho de 2008

The Story





All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you

I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and I broke all the rules
But baby I broke them all for you
Because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks
Yeah you do and I was made for you

You see the smile that's on my mouth
Is hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess
No, they don't know who I really am
And they don't know what I've been through like you do
And I was made for you...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Linda Leiria


Esta música arrepia-me a alma,já sinto a saudade a apoderar-se de mim...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sonhos e Devaneios...



Ah eu quero…ser feliz e louca
Suave e solta
Deixar-me perder…deixar-me levar
Encontrar-te…
Em meus devaneios
Sentir pulsar o desejo
Ah como eu quero
Perder o rumo
Perder o norte
Percorrer teu corpo
Sugar teu sumo
Penetrar a tua essência
Soltar gritos e gemidos
Entrar por um desnorte
Enquanto me falas ao ouvido
Palavras indecentes…sons eloquentes
Ah, eu desejo que me possuas…
Sem pensar nem preconceito
A minha pele nua…a roçar na tua
O olhar daquele jeito…
Sem nada ser perfeito…
Eu quero o descontrolo
Que me tomes pra ti
Sem receio…sem pudor…
Que me deixes por um fio…
Que me faças pedir clemência
Anda, pega no corpo, sem levar a alma…
Está quase…eu sinto…eu estremeço…
Não tenhas calma…empurra a decência
Faz-me vibrar…agonizar…
Eu pago o preço…eu pago o preço

domingo, 6 de abril de 2008

Solidão


Sinto o meu coração vazio
E ao mesmo tempo tão cheio
E numa ausência de brio
Por algo anseio

Anseio assim
Por algo que me preencha
Que me encha

Que me encha de calor
Que me traga o sorriso
De um modo transgressor
E nada preciso

Preciso de oxigenar…
O coração
Abafar…
A solidão…

Solidão…ah solidão
Encurralas-me…
Prendes-me…

Prendes-me …
No desabitado das sensações
Abnegas… rejeitas
Fazes-me viver…
De alucinações…

quinta-feira, 13 de março de 2008

Cidade Negra - A Estrada



O início de uma história que trará sempre lembranças...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Apetece-me...


Estou num daqueles raros momentos em que me encontro em perfeita comunhão comigo mesma…Como se nada mais existisse, como se nada mais importasse, a não ser isto, aqui e agora…Adoro estar neste mundo que é só meu, neste estado de fusão…
É como se visse tudo pela primeira vez, como se as palavras fossem todas novas, como se os sons fossem perfeitos, como se me inventasse e reinventasse, como se tudo fosse irrepreensível…
Sinto uma inspiração sem igual, que ocupa o meu coração, sem razão, sem racionalidade…
Apetece-me rir, gargalhar, chorar, sem triste ficar…apetece-me voar…
Voar para um sítio distante e mesmo assim perto…tanto faz que seja praia ou deserto…
Apetece-me o aconchego, sem medo…apetece-me criar, sem imitar…
Apetece-me a sedução, a absorção, sem absolvição…
Apetece-me apetecer…querer, mesmo sabendo que não posso ter…
Apetece-me ficar assim…a olhar…para dentro de mim…sem julgar…
Apetece-me escrever e dizer, falar até a alma se cansar e quase rebentar…
Apetece-me acender o escuro, aquecer o frio, perder-me no obscuro, enquanto me anestesio…
Apetece-me pintar…com cores que não existem…
Apetece-me rimar…desejos que subsistem…
Apetece-me silenciar…um silêncio gritante…desconcertante…
Apetece-me falar…procurar o sorriso constante…
Apetece-me abrir a porta…deixar entrar…inalar…o cheiro que me conforta…
Apetece-me ouvir…sentir…sons que me amansem a alma…e possuir a minha calma…
Apetece-me escrever cartas para ninguém, sabendo que no outro lado estará alguém…
Apetece-me ser criança… viver sem insegurança…
Apetece-me colorir o céu…vesti-lo com um véu…
Apetece-me chamar as estrelas para conversar…sem nada falar…
Apetece-me agir sem pensar…acordar sem dormir…
Apetece-me viver sem existir…
Apetece-me beber palavras em copos de cristal e saborear…ser anormalmente normal….
Apetece-me estar aqui e dizer… que sem poesia o mundo não seria igual…

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Semear sorrisos


Não sou médica, não sou especialista em nada, mas vivo e estou aqui, observo e sinto e sei que muitas vezes um sorriso, uma gargalhada é muito mais eficiente do que um medicamento, uma droga…
Não tenho muita experiência em voluntariado, não posso dizer que tenho contribuído muito nesse campo, mas o meu coração diz-me muito mais do que posso transmitir aqui sobre o nobre acto de nos disponibilizarmos para ajudarmos o próximo…
Muitas vezes comento com pessoas que me são próximas que gostaria muito de fazer voluntariado em cuidados paliativos com crianças, ao que me respondem que é uma tarefa muito ingrata, que não tenho estrutura para tal, que não tenho estofo para ver um sofrimento tão atroz no rosto das crianças, sendo elas tão indefesas, precisando de ser protegidas…
É verdade, é muito injusto que estas coisas tenham que acontecer, principalmente às crianças, que deveriam ter o direito de viver e crescer e ter a oportunidade de ter oportunidades…
Mas não considero uma tarefa ingrata, uma vez que, e apesar de não podermos arrancar a doença e o destino de quem está à nossa frente, podemos fazer coisas simples que ajudem a que os últimos momentos não sejam passados em extrema agonia…
Contar uma história, ouvir um desabafo, fazer uma brincadeira, provocar um sorriso…
Só de pensar em conseguir fazer sorrir alguém que esteja em grande sofrimento enche-me a alma e leva todos os males da vida embora naquele momento…
É preciso ter muita coragem, não nego, pois é ponto assente que em certos casos vai chegar um dia em que já não se poderá tentar encontrar um sorriso perdido num olhar de desalento, mas sim a ausência de um corpo, de alguém que partiu para sempre…
Mas esse momento chegará para todos nós um dia, cedo ou tarde, ele é certo…então porque não aproveitar o que temos aqui e agora ajudando…semeando esperança…
A esperança, a fé não são apenas necessárias para todos os que estão de pé e gozam de saúde, e desejam realizar sonhos, alcançar objectivos. É necessário também para quem sabe que a sua partida está para breve, para que a dor seja minimizada, para que não se revoltem contra algo que é irreversível…e para que possam descansar em paz…
Tentemos todos plantar sorrisos e sementes de esperança para que a nossa existência possa ter um significado e sentirmos que importamos, que tudo valeu e vale a pena…

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ser Poeta


Ser poeta é ser palavra
É orquestrar sentimentos
É transmitir o que vai na alma
Eternizar os momentos

Fazer falar o coração
Em linguagem desconhecida
Para muitos que a razão
Não deve ser esquecida

É o gritar
Que ninguém ouve
É o nada falar

Ser poeta é ser palavra
Que não é proferida
É agarrar a vontade
E soltar a voz
Que se julgava adormecida

O sonho que sonho a dormir


Sempre gostei de escrever, e quem me conhece, sabe o quão grande é o meu amor pela escrita. Tenho um sonho bem guardado cá dentro, desde há muito tempo, o sonho de escrever um livro, de ser escritora…
Mas sempre pensei nele como um sonho daqueles que sonhamos enquanto estamos a dormir, que nos fazem sorrir e ser felizes em estados inconscientes…
O que é facto é que nunca tentei realizar esse sonho, passá-lo do pensamento para a realidade, talvez por achar que no fundo não seria capaz… posso escrever bem, mas daí a conseguir escrever um livro… vai um grande, grande caminho…
Então acabei por guardar essa “fantasia” dentro de mim, como o meu tesouro, brincando ao faz-de-conta, dizendo a mim própria: “Quem sabe um dia conseguirás…”
Mas nada se consegue sem tentar, e eu acho que no fundo o que mais me prende é o medo de falhar e que este sonho que me faz ser feliz se transforme num pesadelo…
Cada vez mais me incitam a tentar, é curioso que os que me rodeiam têm mais fé nas minhas aptidões do que eu própria e acabam por criar expectativas acerca de mim e das minhas capacidades que eu considero um pouco irreais…
Agora sinto-me um pouco entre a espada e a parede… e penso: “ Será que sou mesmo capaz?...E se eu tentasse?”
Mas as ideias não surgem…
É engraçado… antes de pensar seriamente nisso tinha várias ideias a latejar na minha cabeça e hoje sinto que todas se desvaneceram…
Se eu procurar bem lá no fundo, se eu acreditar, será que elas vão voltar a surgir? E como faço para acreditar?
A minha avó costuma dizer:” Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré…”
Acho que ouvi tantas vezes esta frase castradora durante toda a minha vida que me fez acreditar que realmente nem todas as pessoas têm direito a um “ lugar ao sol”…
Lembro-me quando me candidatei à faculdade…até aí sempre dizia a mim e aos outros que ia estudar, tirar um curso, “ ser alguém”… mas de facto nunca acreditava que essa vontade se pudesse tornar real…
Quando soube que realmente tinha “entrado”, quantas vozes eu ouvi a dizer-me que não tinha possibilidades, para não sonhar demasiado alto para não cair, que não tinha possibilidades… calei essas vozes e hoje estou a um semestre de ser licenciada…
Ás vezes ainda me parece mentira que realmente isto tudo é verdade, afinal fui capaz, afinal SOU CAPAZ…

Será que se eu calar novamente os dizeres castradores
Libertar-me da camisa-de-forças
Pular barreiras invisíveis
Afastar dedos acusadores
Ainda que por dentro me contorça
Cheia de dúvida e medo
Como se carregasse
Um grande segredo
Será que não serei capaz
De largar o chão
E conseguir voar
Livrar-me desta acomodação
Que me prende
E me impede de andar
Será que não tenho direito
De acreditar
De abrir o peito
E gritar
Que sou eu que me construo
Que para nada estou fadada
Que basta pular o muro
E o nada deixa de ser nada?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Deambulando...


Por vezes pareço-me só
No entanto não sei se é isso que sinto
As lembranças ganham pó
E a mim própria me minto
Paro no tempo
E atinge-me a melancolia
Quem me dera conseguir consenso
Para descobrir o que queria
Perco-me entre pensamentos
Voando entre o certo e o errado
E ao analisar-me por dentro
Vejo um coração semicerrado
Um recluso de incertezas
Prisioneiro de si próprio, prostrado pela dureza
Mas que apesar do nevoeiro
Ainda vê alguma luz
E procura afastar o velho arruaceiro
Que o desencaminha e seduz
...

Partiste...


Partiste e levaste tudo…levaste o calor, a cama, o aconchego, o sorriso…
Levaste a ti e a mim…
Deixaste promessas por cumprir e lágrimas por secar…
Deixaste beijos por beijar, abraços por dar, palavras por ouvir…
Julgas que é assim? E agora onde estou?
Sabes de mim?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ser Livre


O que é ser livre?
É dizer e fazer
Tudo o que se quiser?
È falar o que nos apetece
Sem pensar
Sem importar
Que num instante
Podemos magoar?
Será que ser livre
É sermos quem quisermos?
Sem duvidar…
Sem questionar…
Valores…
Crenças…
Regras…
Ideais…
Trilhar o caminho
Sem olhar aos demais?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O meu destino

Estranhas-te
E entranhas-te
Em mim
Sem saberes como
Estás agarrado
À minha pele
Eu banho-me
Eu esfrego-me
E tu não vais
Não sais
A minha alma uiva
Os meus olhos choram
E cegam
Não sei explicar
As palavras não saem
Falta-me a coragem
Mal respiro
Só suspiro
Fazes-me falta
Não sei o caminho
Trocaste as voltas
Ao meu destino

Resta-me lutar
Sair do desatino
Erguer-me
Caminhar
Reconstruir
O que deixaste ruir
E voltar a acreditar
Que o meu destino
Sou eu que o determino...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Falar de Amor


Como falar de amor? Como o descrever? Como o explicar sem falso parecer…
Palavras são palavras
Amor é amor
O amor sente-se, entranha-se, bebe-se, inala-se, incorpora-se…
Mas fala-se?
Sinto-me imprópria para o escrever…
É um viver e morrer para depois ressuscitar…
Então como faço para o falar?
As palavras são poucas
O coração é tão grande
Duas almas juntas fazem parecer o mundo distante
Eu queria falar de ti oh amor
Porque não me permites traduzir
Todo este furor..?

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Saber ser amigo...


É fácil dizer adoro-te...fácil dizer palavras.
O sou teu amigo...podes contar comigo...
transcrever e repetir...
Desmesuradamente...Incansavelmente...
poemas...versos...frases ditas...
que correm de boca em boca...
Que passam de mão em mão...
Dificil e sermos nós mesmos...
E trautearmos o que nos vai no coração..
Seja em poesia ou não...
Dificil mesmo é ser sincero...
E dizer como te quero...
Dar um abraço...que alivia o cansaço...
E nos transporta para outro mundo...
Aquele em que nada é perfeito...
Mas que sabemos com o que contar...
O acarinhar daquele jeito...
Que só nós podemos valorizar...
Dizer é uma coisa, fazer é outra...
E por ser tão banalizado...é dificil confiar...
Há o medo de cair noutra...
Mas espero que confies...que acredites...
que a amizade, a minha...
Não contém vaidade...
apenas permenece...dura, hirta, fiel...
Seja no sorriso, na lágrima ou no fel...

Vieste tarde


Porque vieste?
Cansaste-te de correr o mundo?
De viver a tua vida
Sem pensar um segundo?

Lembras-te de mim?
Sabes quem sou?
Já não sou o benjamim
Que seu pai abandonou…

Vinte anos contam
De solidão e ausência
Vinte anos contam
Que me levaram a inocência

Hoje surges
Vindo não sei de onde
Indo não sei pra onde
E em grande aflição
Dizes que o tempo urge!!!

Não vês que já não sou eu
Que tu já não és tu?
Que estranhos somos
E que aquele tempo morreu…

Outrora menina
Hoje mulher
A quem a vida ensina
E sabe o que quer

Noites em branco
Olhando o escuro
Implorando, rezando
Que não fosses tão duro

Pai?
Assim queres que te chame
Como queres que te ame
Se o amor se esvai

Não sou trapo
Sou humana
E de ti me escapo
Dizendo sempre a verdade
Não sou eu quem engana

Que queres de mim agora?
Se nada te posso dar
Se não te consigo amar
Se tantas vezes gritei
Que me viesses salvar

Trazes de volta o brilho de meu ver?
Se não porque quiseste voltar
Desculpa…
Mas hoje não te quero
Hoje não sei te querer

Apenas te peço que partas
O meu coração não se irá render
Mas não sem antes me explicar
Como fizeste para me esquecer
E sem mim a vida enfrentar…

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Dizer Adeus



Existem momentos em que temos que dizer adeus a alguém ou a peças da nossa vida. Fechar a porta e seguir em frente, pois se não o fizermos estamos irremediavelmente a estagnar e a vida não é estática, muito pelo contrário, é dinâmica. Contudo, esse adeus não pode apenas ser dito, tem que ser sentido e tomá-lo como uma mudança. E mudar não é fácil, é caminhar em frente, no meio da escuridão, sem ver nenhuma luz que nos indique qual o caminho a seguir. É como se fôssemos crianças e novamente estivéssemos a aprender a dar os primeiros passos, só que a diferença é que não teremos ninguém atrás de nós para nos impedir de cair ou amparar a nossa queda. Se cairmos teremos que ser nós a levantarmo-nos, cuidar das nossas feridas e continuar a caminhar. Se não o fizermos ficaremos presos no meio do breu e ninguém nos virá buscar. Só nós é que temos o controle da nossa vida. Hoje disse adeus a uma pessoa e a uma história e estou caída entre o antes e o agora, mas amanha irei levantar-me e começar a minha caminhada frente ao desconhecido...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Em busca da perfeição perdida

Sempre me tive como alguém demasiado perfeccionista, tanto que às vezes chegava a roçar o individualismo, e ainda que não fosse por me achar a melhor, tinha plena consciência que errava. Com o decorrer dos dias, dos meses, dos anos, fui sentindo uma liberdade em relação a essa minha obsessão em querer fazer tudo de uma forma perfeita (como se isso fosse possível) até que hoje me sinto levada por uma onda de despreocupação, não total claro, mas não normal na minha pessoa. Esta onda apagou em mim, também aqueles estados de ansiedade em que eu vivia permanentemente, o medo de que nada corresse bem, e como nem tudo é mau, pelo menos isto fez-me ser uma pessoa mais calma e ajudou-me a ver a vida de outra forma.
Mas é certo que esta despreocupação me preocupa e muito. Não gosto de ser assim. Assim não sou eu. Ou será que sou?
Sei que continuo a fazer as coisas bem, mas não tão bem como as gostaria de fazer. Já não dou tudo de mim até que desse a tarefa por terminada, ainda que nunca totalmente satisfeita com o resultado final. Hoje eu sinto que podia fazer muito mais e melhor, mas simplesmente não o faço. Encaro isto como um desleixe que não me é característico e obriga-me a uma introspecção contínua e profunda em busca de uma resposta que me faça entender tal mudança. Não a consigo encontrar, e se a encontro não a entendo. Tenho receio do que isto poderá representar na minha vida, principalmente no campo profissional, uma vez que no meu futuro como técnica de Serviço Social não existe lugar para desleixes, pois trabalha-se com a vida das pessoas, com os seus problemas, as suas fragilidades e quase incapacidades. Será que sou eu que me preocupo demais? Não será legítimo avaliarmo-nos a nós próprios em busca de progressos, de melhorar a cada dia que passa, ainda que isso envolva uma total reconstrução daquilo que somos? Eu acho que sim e vou sempre fazer por isso, pois é nisso que eu acredito enquanto pessoa, enquanto ser humano…

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A importância de um abraço


Sinto que estou a crescer, que finalmente começo a ser adulta, o que pode parecer estúpido, uma vez que já tenho 26 anos e há muito que o deveria ser. Mas, estranhamente, ou talvez não, a minha existência sempre foi pautada por demasiada fantasia, com muitos sonhos à mistura, e com uma ingenuidade perante o que realmente é a vida. Vivia com um pé na realidade e com o restante de mim noutro mundo longínquo e diferente, em que me estava ao alcance de um pensamento. Talvez não tenha tido as estruturas, os alicerces que me ajudassem a construir as minhas próprias estratégias para enfrentar as dificuldades, os obstáculos com que todos nós nos deparamos dia-a-dia, e o medo me fizesse paralisar e fugir para outro lugar em que tudo era perfeito e onde poderia continuar a ser criança eternamente. E apesar da maturidade aos poucos dar sinais de se querer instalar, ainda deambulo um pouco entre estes dois mundos, talvez porque ainda não esteja totalmente preparada para de facto assumir ser adulta. Não sei muito bem como devo agir, as expectativas são demasiado altas e a probabilidade de falhar assusta-me…
Por outro lado, quando somos crianças pouco esperam de nós, não nos exigem coisas que muitas vezes, não somos capazes de dar ou fazer, mas que ninguém se parece realmente importar com isso. Às vezes, estranho-me, pois sempre fui uma pessoa demasiado sensível, dada às manifestações de afecto, ainda que isso me tenha trazido muitos dissabores, pois confio demais nas pessoas e dou demasiado de mim, acabando por me desiludir e ser magoada. Contudo, desde há algum tempo que sinto uma necessidade de me proteger, de estar sempre na defesa, e isso fez com que me tornasse fria em relação a muitas coisas e pessoas. Será isto crescer??? Será que é isto o ser adulto? Será que para conseguirmos sobreviver nesta selva em que vivemos temos que aprender a construir um muro ao nosso redor? Dou por mim a nem sequer conseguir dar um abraço às pessoas que gosto, pois sinto algo que me bloqueia, que me assusta e paralisa. Sinto que fico numa posição em que revela fragilidade e não me sinto capaz de fazê-lo. Não gosto de ser assim. Não quero viver no mundo dos adultos. Quero voltar a ser criança… (Márcia, devo-te a ti esta crise existencial ;) espero um dia conseguir abraçar-te sem reservas)

O amor

"Quero fazer o elogio ao amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível, já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje, as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calcas e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reunem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-socio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se numa questão pratica. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há. Estou farto de conversas, estou farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "está tudo bem, tudo bem?” Tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananoides, borra-botas, matadores de romantismo, romanticidas. Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo do amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos cante no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraço, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro e uma condição. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar e a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que se quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber.
É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado do que quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é ma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

Miguel Esteves Cardoso in Expresso

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A tinta da caneta


Se há coisa que eu gosto e tenho um enorme prazer a fazer, é escrever, poemas, histórias, tudo o que me faça imaginar e voar para outras realidades…assim como ler, que me proporciona verdadeiros momentos de deleite vivendo outras vidas que não a minha. Mas escrever, é o que mais me preenche, sendo que aí posso ser eu a inventar, a criar, a sentir como meu…ao escrever é como se desse vida a coisas inanimadas, é como vestir o vento com um xaile e vê-lo esvoaçar, porque ganhou vida… é modelar algo, como se de barro se tratasse, é exprimir o que mais fundo mora em mim e que muitas vezes não sei, ou não quero, ou não tento saber. Consciente ou inconscientemente, tesouros bem guardados a sete chaves, para que não perturbem o nosso equilíbrio. Todos eles acabam por sair, devagar e gradualmente, ainda que implicitamente, e reflectem-se em cada sílaba e cada frase que nos faça transportar para um terreno que nos transmite desconfiança, mas que não nos é tão desconhecido assim.
Mas não só de medos, e de receios, e sentimentos recalcados que o amor à escrita se caracteriza. Ele é também sonhador, e menino, criança, ingénuo e impulsivo, que constrói sonhos em cima de castelos de areia, querendo acreditar que nunca se irão desmoronar. A vida, a nossa vida, seja como a vivemos presentemente, ou como gostaríamos de a viver, é o que se transporta invisivelmente para a escrita, neste caso a minha. E a minha vida, como todas as outras, não sendo perfeita, nem perto disso, tem dualidade extremamente grande, a felicidade e a tristeza, o amor e a solidão, o sorriso e a lágrima, o abraço e o virar de costas, o sucesso e o fracasso, a sorte e o azar, os que gostam e os que não nos gostam… e poderia continuar numa lista infindável, porque tudo o que de bom temos, tem sempre o inverso, é disso que é feita a nossa vivência, sentir e aprender com o mau, para conquistar e manter o bom…

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008


O primeiro dia que cá escrevo... não me sinto muito inspirada, tendo em conta que hoje começa a saga das frequências e a confiança não é muita... e porque será? como todo o bom português, a tendência é sempre para a procrastinação. Para nós, o ditado aplica-se no inverso..."Para quê fazeres hoje, o que podes fazer amanhã." E depois é uma luta desenfreada contra o tempo, os nervos à flor da pele, e logicamente, as coisas não saem tão bem, como se tivessem sido feitas com antecedência. Multiculturalidade e Educação Intercultural, é esta a cadeira à qual vou fazer frequência, dito assim, até parece qualquer coisa de interessante, e não deixa de ser, mas entre os oblatos, e os trânsfugas, e a mestiçagem dos mestiços, passando a redundância, não sei realmente aprendi alguma coisa que possa lá escrever. A ver vamos... ;)