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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Semear sorrisos


Não sou médica, não sou especialista em nada, mas vivo e estou aqui, observo e sinto e sei que muitas vezes um sorriso, uma gargalhada é muito mais eficiente do que um medicamento, uma droga…
Não tenho muita experiência em voluntariado, não posso dizer que tenho contribuído muito nesse campo, mas o meu coração diz-me muito mais do que posso transmitir aqui sobre o nobre acto de nos disponibilizarmos para ajudarmos o próximo…
Muitas vezes comento com pessoas que me são próximas que gostaria muito de fazer voluntariado em cuidados paliativos com crianças, ao que me respondem que é uma tarefa muito ingrata, que não tenho estrutura para tal, que não tenho estofo para ver um sofrimento tão atroz no rosto das crianças, sendo elas tão indefesas, precisando de ser protegidas…
É verdade, é muito injusto que estas coisas tenham que acontecer, principalmente às crianças, que deveriam ter o direito de viver e crescer e ter a oportunidade de ter oportunidades…
Mas não considero uma tarefa ingrata, uma vez que, e apesar de não podermos arrancar a doença e o destino de quem está à nossa frente, podemos fazer coisas simples que ajudem a que os últimos momentos não sejam passados em extrema agonia…
Contar uma história, ouvir um desabafo, fazer uma brincadeira, provocar um sorriso…
Só de pensar em conseguir fazer sorrir alguém que esteja em grande sofrimento enche-me a alma e leva todos os males da vida embora naquele momento…
É preciso ter muita coragem, não nego, pois é ponto assente que em certos casos vai chegar um dia em que já não se poderá tentar encontrar um sorriso perdido num olhar de desalento, mas sim a ausência de um corpo, de alguém que partiu para sempre…
Mas esse momento chegará para todos nós um dia, cedo ou tarde, ele é certo…então porque não aproveitar o que temos aqui e agora ajudando…semeando esperança…
A esperança, a fé não são apenas necessárias para todos os que estão de pé e gozam de saúde, e desejam realizar sonhos, alcançar objectivos. É necessário também para quem sabe que a sua partida está para breve, para que a dor seja minimizada, para que não se revoltem contra algo que é irreversível…e para que possam descansar em paz…
Tentemos todos plantar sorrisos e sementes de esperança para que a nossa existência possa ter um significado e sentirmos que importamos, que tudo valeu e vale a pena…

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ser Poeta


Ser poeta é ser palavra
É orquestrar sentimentos
É transmitir o que vai na alma
Eternizar os momentos

Fazer falar o coração
Em linguagem desconhecida
Para muitos que a razão
Não deve ser esquecida

É o gritar
Que ninguém ouve
É o nada falar

Ser poeta é ser palavra
Que não é proferida
É agarrar a vontade
E soltar a voz
Que se julgava adormecida

O sonho que sonho a dormir


Sempre gostei de escrever, e quem me conhece, sabe o quão grande é o meu amor pela escrita. Tenho um sonho bem guardado cá dentro, desde há muito tempo, o sonho de escrever um livro, de ser escritora…
Mas sempre pensei nele como um sonho daqueles que sonhamos enquanto estamos a dormir, que nos fazem sorrir e ser felizes em estados inconscientes…
O que é facto é que nunca tentei realizar esse sonho, passá-lo do pensamento para a realidade, talvez por achar que no fundo não seria capaz… posso escrever bem, mas daí a conseguir escrever um livro… vai um grande, grande caminho…
Então acabei por guardar essa “fantasia” dentro de mim, como o meu tesouro, brincando ao faz-de-conta, dizendo a mim própria: “Quem sabe um dia conseguirás…”
Mas nada se consegue sem tentar, e eu acho que no fundo o que mais me prende é o medo de falhar e que este sonho que me faz ser feliz se transforme num pesadelo…
Cada vez mais me incitam a tentar, é curioso que os que me rodeiam têm mais fé nas minhas aptidões do que eu própria e acabam por criar expectativas acerca de mim e das minhas capacidades que eu considero um pouco irreais…
Agora sinto-me um pouco entre a espada e a parede… e penso: “ Será que sou mesmo capaz?...E se eu tentasse?”
Mas as ideias não surgem…
É engraçado… antes de pensar seriamente nisso tinha várias ideias a latejar na minha cabeça e hoje sinto que todas se desvaneceram…
Se eu procurar bem lá no fundo, se eu acreditar, será que elas vão voltar a surgir? E como faço para acreditar?
A minha avó costuma dizer:” Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré…”
Acho que ouvi tantas vezes esta frase castradora durante toda a minha vida que me fez acreditar que realmente nem todas as pessoas têm direito a um “ lugar ao sol”…
Lembro-me quando me candidatei à faculdade…até aí sempre dizia a mim e aos outros que ia estudar, tirar um curso, “ ser alguém”… mas de facto nunca acreditava que essa vontade se pudesse tornar real…
Quando soube que realmente tinha “entrado”, quantas vozes eu ouvi a dizer-me que não tinha possibilidades, para não sonhar demasiado alto para não cair, que não tinha possibilidades… calei essas vozes e hoje estou a um semestre de ser licenciada…
Ás vezes ainda me parece mentira que realmente isto tudo é verdade, afinal fui capaz, afinal SOU CAPAZ…

Será que se eu calar novamente os dizeres castradores
Libertar-me da camisa-de-forças
Pular barreiras invisíveis
Afastar dedos acusadores
Ainda que por dentro me contorça
Cheia de dúvida e medo
Como se carregasse
Um grande segredo
Será que não serei capaz
De largar o chão
E conseguir voar
Livrar-me desta acomodação
Que me prende
E me impede de andar
Será que não tenho direito
De acreditar
De abrir o peito
E gritar
Que sou eu que me construo
Que para nada estou fadada
Que basta pular o muro
E o nada deixa de ser nada?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Deambulando...


Por vezes pareço-me só
No entanto não sei se é isso que sinto
As lembranças ganham pó
E a mim própria me minto
Paro no tempo
E atinge-me a melancolia
Quem me dera conseguir consenso
Para descobrir o que queria
Perco-me entre pensamentos
Voando entre o certo e o errado
E ao analisar-me por dentro
Vejo um coração semicerrado
Um recluso de incertezas
Prisioneiro de si próprio, prostrado pela dureza
Mas que apesar do nevoeiro
Ainda vê alguma luz
E procura afastar o velho arruaceiro
Que o desencaminha e seduz
...

Partiste...


Partiste e levaste tudo…levaste o calor, a cama, o aconchego, o sorriso…
Levaste a ti e a mim…
Deixaste promessas por cumprir e lágrimas por secar…
Deixaste beijos por beijar, abraços por dar, palavras por ouvir…
Julgas que é assim? E agora onde estou?
Sabes de mim?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ser Livre


O que é ser livre?
É dizer e fazer
Tudo o que se quiser?
È falar o que nos apetece
Sem pensar
Sem importar
Que num instante
Podemos magoar?
Será que ser livre
É sermos quem quisermos?
Sem duvidar…
Sem questionar…
Valores…
Crenças…
Regras…
Ideais…
Trilhar o caminho
Sem olhar aos demais?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O meu destino

Estranhas-te
E entranhas-te
Em mim
Sem saberes como
Estás agarrado
À minha pele
Eu banho-me
Eu esfrego-me
E tu não vais
Não sais
A minha alma uiva
Os meus olhos choram
E cegam
Não sei explicar
As palavras não saem
Falta-me a coragem
Mal respiro
Só suspiro
Fazes-me falta
Não sei o caminho
Trocaste as voltas
Ao meu destino

Resta-me lutar
Sair do desatino
Erguer-me
Caminhar
Reconstruir
O que deixaste ruir
E voltar a acreditar
Que o meu destino
Sou eu que o determino...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Falar de Amor


Como falar de amor? Como o descrever? Como o explicar sem falso parecer…
Palavras são palavras
Amor é amor
O amor sente-se, entranha-se, bebe-se, inala-se, incorpora-se…
Mas fala-se?
Sinto-me imprópria para o escrever…
É um viver e morrer para depois ressuscitar…
Então como faço para o falar?
As palavras são poucas
O coração é tão grande
Duas almas juntas fazem parecer o mundo distante
Eu queria falar de ti oh amor
Porque não me permites traduzir
Todo este furor..?

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Saber ser amigo...


É fácil dizer adoro-te...fácil dizer palavras.
O sou teu amigo...podes contar comigo...
transcrever e repetir...
Desmesuradamente...Incansavelmente...
poemas...versos...frases ditas...
que correm de boca em boca...
Que passam de mão em mão...
Dificil e sermos nós mesmos...
E trautearmos o que nos vai no coração..
Seja em poesia ou não...
Dificil mesmo é ser sincero...
E dizer como te quero...
Dar um abraço...que alivia o cansaço...
E nos transporta para outro mundo...
Aquele em que nada é perfeito...
Mas que sabemos com o que contar...
O acarinhar daquele jeito...
Que só nós podemos valorizar...
Dizer é uma coisa, fazer é outra...
E por ser tão banalizado...é dificil confiar...
Há o medo de cair noutra...
Mas espero que confies...que acredites...
que a amizade, a minha...
Não contém vaidade...
apenas permenece...dura, hirta, fiel...
Seja no sorriso, na lágrima ou no fel...

Vieste tarde


Porque vieste?
Cansaste-te de correr o mundo?
De viver a tua vida
Sem pensar um segundo?

Lembras-te de mim?
Sabes quem sou?
Já não sou o benjamim
Que seu pai abandonou…

Vinte anos contam
De solidão e ausência
Vinte anos contam
Que me levaram a inocência

Hoje surges
Vindo não sei de onde
Indo não sei pra onde
E em grande aflição
Dizes que o tempo urge!!!

Não vês que já não sou eu
Que tu já não és tu?
Que estranhos somos
E que aquele tempo morreu…

Outrora menina
Hoje mulher
A quem a vida ensina
E sabe o que quer

Noites em branco
Olhando o escuro
Implorando, rezando
Que não fosses tão duro

Pai?
Assim queres que te chame
Como queres que te ame
Se o amor se esvai

Não sou trapo
Sou humana
E de ti me escapo
Dizendo sempre a verdade
Não sou eu quem engana

Que queres de mim agora?
Se nada te posso dar
Se não te consigo amar
Se tantas vezes gritei
Que me viesses salvar

Trazes de volta o brilho de meu ver?
Se não porque quiseste voltar
Desculpa…
Mas hoje não te quero
Hoje não sei te querer

Apenas te peço que partas
O meu coração não se irá render
Mas não sem antes me explicar
Como fizeste para me esquecer
E sem mim a vida enfrentar…

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Dizer Adeus



Existem momentos em que temos que dizer adeus a alguém ou a peças da nossa vida. Fechar a porta e seguir em frente, pois se não o fizermos estamos irremediavelmente a estagnar e a vida não é estática, muito pelo contrário, é dinâmica. Contudo, esse adeus não pode apenas ser dito, tem que ser sentido e tomá-lo como uma mudança. E mudar não é fácil, é caminhar em frente, no meio da escuridão, sem ver nenhuma luz que nos indique qual o caminho a seguir. É como se fôssemos crianças e novamente estivéssemos a aprender a dar os primeiros passos, só que a diferença é que não teremos ninguém atrás de nós para nos impedir de cair ou amparar a nossa queda. Se cairmos teremos que ser nós a levantarmo-nos, cuidar das nossas feridas e continuar a caminhar. Se não o fizermos ficaremos presos no meio do breu e ninguém nos virá buscar. Só nós é que temos o controle da nossa vida. Hoje disse adeus a uma pessoa e a uma história e estou caída entre o antes e o agora, mas amanha irei levantar-me e começar a minha caminhada frente ao desconhecido...