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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Amo-te...


Amo-te como quem não precisa de ar para viver
Amo-te além do bem e do mal que se irá atrever
Amo-te sem porquês, vírgulas ou pontos finais
Amo-te porque vês vida em todos os meus ais



Amo-te para além dos becos e ruelas de ilusões
Amo-te como se o mundo caminhasse aos abanões
Amo-te sem saber, sem ver, sem ter e sem ser
Amo-te assim, porque não pode deixar de ser



Amo-te porque me fazes ser mais do que sou
Porque és em mim um céu de mar calmo
E me ensinas o caminho para onde vou



E como não te amar? Se pr’ além de ti nada existe
Se só em ti eu sou e só por ti eu existo e persisto
E nada mais É, …se em ti não consiste!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Gotas de Pecado




Amarga-me a boca!
Sinto-a seca…
Tão seca que sabe a cortiça!
Definho por uma gota d’álcool!
A água não me sabe, e é no álcool que me sinto…
Demasiadas emoções embriagadas cambaleiam,
como num compasso, lento e fugidio…
As raízes do desassossego remexem-se na terra,
como prenúncio de tempestade…
A noite, escorraçou o sol com tamanha agressividade,
que já nada se vê diante do espelho…
Pele Seca!
Sangue quente!
Um arrepio dentro de uma garrafa já vazia e tombada…
Um aroma suave e quente aconchega-se,
no silêncio da saudade que as gotas de espírito cantaram…
A espera arde!
Canivete ácido!
Incisão perfeita!
A mente atravessa o breu à procura do líquido sedento,
de uma outra garrafa tombada,
que contaminou toda a água…
com a cor do pecado!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Sei-te de cor...decorado

Mesmo sem te ver sei-te, de cor, decorado
És o meu decreto-lei, o meu ir e vir, o meu outro lado
Fecho os olhos e vou esculpindo uma imagem
Apago os Abrolhos e dou início à viagem

Ouço a tua voz, mas é a minha boca que se mexe
Desaguo na tua foz e teu sangue pulsa e remexe
Tolda-me a emoção, mas é em ti que as lágrimas correm
Sente o meu coração e lê as letras que transcorrem

Escrevo assim estas linhas apenas para te dizer
Que para onde tu caminhas é onde eu irei chegar
E que em ti depois da noite eu irei amanhecer

Não existe outra saída a não ser encontrar-te
Procurar-te-ei incansável e destemidamente
E a contrapartida é deixares-me levar-te…

Des(Amor)

Eu toco-te! Tu não sentes?
Eu planto sementes no teu coração
Eu falo contigo mas tu não entendes
Tens a vista negra tal qual carvão
Perdeste – te no amor burocrático
Aquele que tem pouca recompensa
Mas não deixa de ser mais prático
E às vezes até compensa
Na cama reviro e já não te sinto
O teu pensamento paira em cada canto
Sinto um arrepio súbito e indistinto
Maldita ausência! Maldito desencanto!
A vida pragmática roubou-te de mim
Já não tens tempo para sonhar
Não reconheço presente assim
Antes queria o passado em algum lugar
Que não fosse aqui nem agora
Mas com um cheiro de outrora
Em que respirávamos o mesmo ar
Em que caminhávamos na mesma direcção
Onde acabavas eu começava
E o teu era o meu! Era o nosso coração…

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Gritos Mudos

A poesia inunda-me as veias e os poros, mas nada sai, as letras não se conjugam, as frases não se formam...A língua do que sinto não é a mesma do que a que falo...nunca foi, nem há-de ser...tento passar o coração para o papel, como outrora o fiz, como tantas vezes o fiz, mas hoje não consigo.

Há um enorme buraco, um precípício, negro e obscuro...a tinta dilui-se no papel, as formas desvanecem-se e ficam apenas manchas...manchas insípidas que se atravessam umas às outras...

Sinto explodir-me por dentro de tantas palavras que gritam e se atropelam mutuamente sem nada dizer...elas pulam dentro de mim, numa frenética desorienação procuram uma saída, rasgando-me a pele...sangro...vermelho vivo...

Hoje não há poema, apenas sangue, vermelho vivo...e gritos mudos...

Tributo a Pablo Neruda

A Dança

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho





É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.





Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.





Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.





Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.





Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...





Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.





Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.