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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O sonho que sonho a dormir


Sempre gostei de escrever, e quem me conhece, sabe o quão grande é o meu amor pela escrita. Tenho um sonho bem guardado cá dentro, desde há muito tempo, o sonho de escrever um livro, de ser escritora…
Mas sempre pensei nele como um sonho daqueles que sonhamos enquanto estamos a dormir, que nos fazem sorrir e ser felizes em estados inconscientes…
O que é facto é que nunca tentei realizar esse sonho, passá-lo do pensamento para a realidade, talvez por achar que no fundo não seria capaz… posso escrever bem, mas daí a conseguir escrever um livro… vai um grande, grande caminho…
Então acabei por guardar essa “fantasia” dentro de mim, como o meu tesouro, brincando ao faz-de-conta, dizendo a mim própria: “Quem sabe um dia conseguirás…”
Mas nada se consegue sem tentar, e eu acho que no fundo o que mais me prende é o medo de falhar e que este sonho que me faz ser feliz se transforme num pesadelo…
Cada vez mais me incitam a tentar, é curioso que os que me rodeiam têm mais fé nas minhas aptidões do que eu própria e acabam por criar expectativas acerca de mim e das minhas capacidades que eu considero um pouco irreais…
Agora sinto-me um pouco entre a espada e a parede… e penso: “ Será que sou mesmo capaz?...E se eu tentasse?”
Mas as ideias não surgem…
É engraçado… antes de pensar seriamente nisso tinha várias ideias a latejar na minha cabeça e hoje sinto que todas se desvaneceram…
Se eu procurar bem lá no fundo, se eu acreditar, será que elas vão voltar a surgir? E como faço para acreditar?
A minha avó costuma dizer:” Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré…”
Acho que ouvi tantas vezes esta frase castradora durante toda a minha vida que me fez acreditar que realmente nem todas as pessoas têm direito a um “ lugar ao sol”…
Lembro-me quando me candidatei à faculdade…até aí sempre dizia a mim e aos outros que ia estudar, tirar um curso, “ ser alguém”… mas de facto nunca acreditava que essa vontade se pudesse tornar real…
Quando soube que realmente tinha “entrado”, quantas vozes eu ouvi a dizer-me que não tinha possibilidades, para não sonhar demasiado alto para não cair, que não tinha possibilidades… calei essas vozes e hoje estou a um semestre de ser licenciada…
Ás vezes ainda me parece mentira que realmente isto tudo é verdade, afinal fui capaz, afinal SOU CAPAZ…

Será que se eu calar novamente os dizeres castradores
Libertar-me da camisa-de-forças
Pular barreiras invisíveis
Afastar dedos acusadores
Ainda que por dentro me contorça
Cheia de dúvida e medo
Como se carregasse
Um grande segredo
Será que não serei capaz
De largar o chão
E conseguir voar
Livrar-me desta acomodação
Que me prende
E me impede de andar
Será que não tenho direito
De acreditar
De abrir o peito
E gritar
Que sou eu que me construo
Que para nada estou fadada
Que basta pular o muro
E o nada deixa de ser nada?

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